A Polícia Civil apreendeu na quinta-feira, 1º de outubro, material desviado da Secretaria de Saúde (SS) da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF). A operação, batizada de “Hemostasia”, prendeu, em flagrante, um servidor da secretaria e dois empresários, no Centro da cidade. Em entrevista coletiva na manhã desta sexta-feira, 2, os delegados Armando Avolio, da Regional, Samuel Néri, responsável pela investigação, e Patrícia Miller, da 7ª Delegacia do Centro, e o secretário de Saúde da PJF, Rodrigo Almeida, deram detalhes de como os fatos ocorreram. “Foi mais uma operação bem sucedida, em que descobrimos a autoria e o modus operandi. Apreendemos cadeira de rodas, equipamentos de proteção individual e medicamentos , inclusive de combate à covid”, afirmou Armando.
Quando a equipe de gestão da SS começou a identificar a falta de medicamentos e insumos que tinham em estoque, foi aberta investigação interna, para averiguar eventual envolvimento de servidores. “Procuramos a Polícia Civil, que está em conversa constante conosco, em virtude do combate à covid, e repassamos nossa suspeita, porque é fundamental o cuidado e a vigilância com o que é público. Ainda mais num momento tão delicado como o que estamos vivendo, onde a saúde de qualidade e o acesso a medicamentos são fundamentais. Agora vamos abrir sindicância para apurar os danos”, relatou Rodrigo.
Em dois meses de investigação, a polícia chegou ao suspeito do crime, e o prendeu em flagrante, no momento em que ele entregava cadeiras de rodas numa loja de material cirúrgico, na Rua Braz Bernardino, no Centro. Os proprietários do estabelecimento também foram presos. “Ele aproveitou que fazia entrega nas unidades de saúde para fazer o desvio de material na rota. Ele pedia para o motorista parar no início da rua e levava pessoalmente o material até à loja, e saia de lá sem nada. Os empresários sabiam que o material era oriundo da Secretaria de Saúde, e afirmaram que faziam permuta. Mas não há evidências e nem provas disso. Apreendemos material na casa do autor, também. E a investigação continua, para ver se outras pessoas estão envolvidas. O importante é que conseguimos tirá-los de circulação e apreender o material. Cessando o desvio de medicamentos, quem ganha é a sociedade”, ressaltou Samuel.
O servidor municipal já foi exonerado. Ele exercia funções administrativas na SS e, entre suas atribuições, estava a distribuição de medicamentos e insumos nas unidades de saúde. De acordo com o delegado, ele responderá por peculato, associação criminosa e posse ilegal de munição, pois na casa dele, no Bairro Ipiranga, foi encontrada munição de calibre 38. As penas somadas podem chegar a 20 anos de prisão. O casal de empresários também foi preso e responderá por peculato e associação criminosa. Neste caso, o delegado explicou que não é receptação, pois o estabelecimento combinou previamente o desvio do material. O filho do casal também está sendo investigado.
A operação foi nomeada como “Hemostasia”, devido ao fato de ter partido da própria Secretaria de Saúde o pedido de investigação. Hemostasia é o processo de formação do coágulo sanguíneo. É uma série coordenada de respostas à lesão vascular.
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