A prefeitura do Rio de Janeiro resolveu desmobilizar 200 leitos de enfermaria do Hospital de Campanha do Riocentro, na zona oeste, destinados aos pacientes com covid-19, a partir de amanhã (17), quando começa a quarta fase de reabertura econômica da capital, após quarentena adotada para desacelerar a disseminação do novo coronavírus.
A medida foi aprovada hoje (16), em reunião do comitê científico para enfrentamento da covid-19 que analisou as medidas de flexibilização do isolamento social da etapa quatro do planejamento da prefeitura para reabertura das atividades. A intenção é ter os leitos disponíveis para pacientes de cirurgias eletivas, que voltarão a ser realizadas no dia 1º de agosto.
O subsecretário de Atenção Hospitalar, Urgência e Emergência da prefeitura, Mário Gama Lima, informou, em coletiva após a reunião, que essa desmobilização segue a que começou no dia 28 de junho nos leitos de retaguarda. “Dos 413 leitos abertos, que foram os cirúrgicos convertidos em dedicados à covid, desmobilizamos 121 e a partir de amanhã estamos desmobilizando 200 leitos do hospital de campanha, que sai de 500 para 300 leitos, sendo 100 de UTI e 200 de retaguarda”, informou.
Gama Lima disse que no início da pandemia a Secretaria de Saúde propôs a abertura de 1.277 leitos de enfermaria e de unidade de terapia intensiva (UTI) na rede municipal. Do total, foram abertos 1.252, sendo 251 de UTI e 1.001 de enfermaria, divididos por toda a rede e o Hospital de Campanha do Riocentro. A maior parte se concentrou no Hospital Ronaldo Gazolla (381), na zona norte, e no Hospital de Campanha (500). O restante se destinou à ampliação dos CTIs plenos nos outros hospitais municipais.
A decisão da prefeitura, segundo o subsecretário, se baseou no estudo realizado “de forma bastante responsável” desde o dia 2 de junho, quando começou a flexibilização do isolamento na cidade. Foi analisada a demanda pelas unidades de saúde. Gama Lima disse que as unidades de pronto atendimento (UPAs), que são as portas de entrada do sistema de saúde, que chegaram a ter em média 900 atendimentos diários de pacientes com suspeita de infecção por covid-19, há quatro semanas, têm registrado cerca de 250 atendimentos de procura diária de pacientes com síndrome respiratória.
“Nós nos consideramos seguros para iniciarmos uma desmobilização de leitos de enfermaria por vários motivos. A demanda diminuiu bastante. Estamos com uma taxa de ocupação pequena desses leitos dedicados à covid na rede e porque a partir do dia 1º de agosto está em nosso plano a retomada das cirurgias eletivas. Precisamos, então, readequar a nossa rede de leitos cirúrgicos que estavam convertidos para que eles deem conta das cirurgias eletivas”, completou.
Lesões
Conforme analisou, com a reabertura da cidade, também aumentou a procura de pacientes com lesões de causas externas, os chamados traumas, e de outras patologias. Esses casos voltaram a ocupar as emergências e enfermarias. “O objetivo é, após uma discussão com toda a área técnica e com a secretária e outros subsecretários, iniciar a desmobilização”, contou.
O subsecretário descartou qualquer possibilidade de a prefeitura alterar o número de leitos de CTI, considerados fundamentais para o caso de qualquer recrudescimento ou retorno da doença. “É importante que a gente continue com todo o nosso parque de leitos de CTI aberto dedicados à covid para poder acompanhar se houver uma nova pressão de demanda sobre a rede”, assegurou.
Segundo Gama Lima, entre 23 e 24 de abril, eram em média 962 atendimentos por dia nas 14 UPAs e sete coordenações de emergência. Há quatro semanas o número não passa de 280, sendo que na última foram 251. “Temos quatro semanas seguidas com menos de 300 atendimentos nas nossas portas de entrada, que são unidades muito sensíveis porque a procura do paciente seja de ambulância ou não, entra pelas nossas UPAs ou coordenações de emergência regional
Segunda onda
Em entrevista à imprensa, o prefeito Marcello Crivella disse não temer um aumento de demanda se houver uma segunda onda de casos de covid-19 na cidade do Rio. Crivella citou que em outros países, quando houve uma nova onda, ela foi menor do que a anterior. Ele afirmou que os profissionais de saúde dessas unidades onde os leitos forem desmobilizados serão transferidos para outros locais onde houver aumento de demanda e para as UPAs e clínicas da família. “A mão de obra vamos alocá-la toda. Temos também o pessoal que veio dos hospitais Miguel [Couto], Lourenço [Jorge], Salgado [Filho] e Souza Aguiar. Esses profissionais estão voltando”, informou, acrescentando, que os equipamentos também serão deslocados para outras unidades.
“Os planos que surgiram para a modernização dos nossos hospitais, o que o pessoal está planejando para o Gazolla é algo inimaginável, porque vamos ter equipamentos. Neste aqui [Hospital de Campanha], temos centro cirúrgico, centro de hemodiálise, de imagem, UTI para 100 leitos. Esses equipamentos todos são valiosíssimos. Vamos poder abrir novos serviços e ampliar sobretudo no Gazolla que vai ser o Gazolla D’Or”, disse em referência à rede privada D’Or de hospitais. “Vai dar aos nossos hospitais um padrão que a gente nunca teve.”
Edição: Aline Leal