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Publicado em 24/06/2020 – 13:01 Por Daniel Mello – Repórter da Agência Brasil – São Paulo

Mais da metade dos moradores de favelas, 51%, não consegue seguir as medidas de prevenção ao contágio do novo coronavírus (covid-19) como gostaria, mostra pesquisa divulgada, hoje (24), pelo Datafavela, em uma parceria entre o Instituto Locomotiva e a Central Única das Favelas (Cufa). Foram ouvidas 3.321 pessoas.

Segundo o estudo, 39% dos residentes nessas comunidades estão procurando seguir as recomendações de isolamento social e uso de itens de proteção, mas nem sempre conseguem; enquanto 12% disseram que simplesmente não conseguem incorporar as medidas em suas vidas. Os que estão procurando se prevenir e não têm encontrado obstáculos somaram 41% e 8% disseram que não estão nem tentando se prevenir.

A situação das moradias nas favelas também dificulta o isolamento. De acordo com a pesquisa, em 48% dos domicílios dessas comunidades vivem entre quatro a sete pessoas. Porém, 59% das casas têm no máximo dois quartos. Na média geral, dormem 2,6 pessoas por quarto. 

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“Se um trabalhador se contamina, ele não consegue deixar alguém do grupo de risco isolado dentro da própria casa”, disse o presidente o Instituto Locomotiva, Renato Meireles.

Necessidade de trabalhar

Entre os que não seguem as medidas de prevenção contra o coronavírus, 72% apontaram a necessidade de trabalhar e manter a renda como principal motivo. Porém, 45% também responderam que não acreditam que precisam seguir todas as medidas e 39% não acham que a doença seja “tão grave”. 

“A maioria da população tem baixa escolaridade. Muitas vezes o uso de termos complexos no contexto da pandemia são uma grande barreira para o engajamento e para sensibilização dos moradores de favela”, disse Meireles.

O levantamento mostra que 24% dos residentes de favelas saíram de casa todos os dias na última semana; 11% deixaram a residência em seis dias, ficando em casa apenas um, e 15% estiveram na rua por cinco vezes no período, o que mostra que metade dessa população não ficou em casa por mais de dois dias em uma semana. Por outro lado, 30% conseguiram manter um isolamento mais rígido, saindo apenas um ou dois dias na semana.

O principal destino fora da residência foram os supermercados, por onde passaram 85% dos ouvidos pela pesquisa. Em segundo lugar, 71%, vem a região no entorno de casa, quando a pessoas foi para algum lugar nas imediações do local em que vive. Usaram o transporte público, 52%, e foram ao trabalho, 48%.

Apesar do grande número de pessoas que estão saindo de casa devido ao trabalho, 80% das famílias de favelas estão vivendo com menos da metade da renda do que antes da pandemia. De acordo com o estudo, 35% chegaram a perder todos os rendimentos e 45% tiveram uma redução drástica, que levou a renda familiar para menos da metade do que era. Há ainda 11% que perderam metade do que ganhavam e 5% que tiveram uma queda menos severa do que costumavam receber.

Edição: Fernando Fraga

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