Mãe de uma criança de apenas 4 anos e de um rapaz de 18, Mônica Pereira de 41 descobriu-se em uma situação muito complicada em dezembro do ano passado quando ficou desempregada. De lá para cá, não conseguiu empregos fixos como saladeira, profissão que costuma desempenhar em restaurantes, e decidiu trabalhar como diarista e faxineira para custear a sobrevivência dos filhos.
Entretanto, com a pandemia as oportunidades tornaram-se ainda mais escassas e, sem outras opções, ela decidiu pedir socorro em um grupo no Facebook. A publicação feita no domingo rendeu comentários e curtidas, mas pouca ajuda até o momento. Ela oferece no texto faxinas em troca de uma lata de leite em pó para a filha mais nova.
Há pelo menos quatro meses, Mônica sobrevive com doações de cestas básicas que costumam durar o período de um mês no imóvel de dois cômodos em que ela mora de favor com os filhos na Vila Fazendinha, comunidade próxima do aglomerado da Serra na região Leste de Belo Horizonte. O pouco dinheiro que conquista com as faxinas feitas ocasionalmente é destinado de forma imediata para o pagamento de contas de água e luz. Apesar das dificuldades financeiras, Mônica conta que seu pedido de auxílio emergencial foi negado.
“Trabalhei pela última vez no final do ano passado, em dezembro, em um lugar no Shopping Del Rey. Depois só consegui trabalhar quando aparecia alguma faxina porque restaurante nenhum está contratando, principalmente agora nesses tempos de pandemia. Não consegui o auxílio e contestei, mas ainda estou aguardando”, relata.
Segundo ela, é a solidariedade de amigos e mesmo pessoas desconhecidas que tem garantido a alimentação básica de seus filhos. “Cesta básica eu tenho quando as pessoas me dão porque não tenho dinheiro para fazer uma compra desde antes da pandemia. Quando consigo uma faxina é para pagar água luz”, detalha.
Mônica vive em um imóvel emprestado no interior de um lote onde também está sua mãe. O espaço que ela divide com os filhos conta apenas com um quarto onde estão duas camas e um guarda-roupa quebrado que lhe rendeu ferimentos no ano passado e um segundo cômodo separado em cozinha e banheiro. “Não temos espaço nem para andar”, conta ela. A situação que nunca havia sido fácil tornou-se especialmente complicada há cerca de cinco anos com a morte do marido que sequer chegou a conhecer a filha. “Perdi meu marido há cinco anos, completa cinco anos em agosto. Minha filha nasceu em outubro. Ele nem conheceu ela”.
O pedido feito em desespero no Facebook rendeu a ela um encontro com uma mulher que conseguiu ajudá-la com alimentos. “Eu preciso de comida e preciso muito, muito trabalhar. Eu tenho procurado, tenho andado bastante, mas ainda não apareceu nada. O pessoal está com muito receio de contratar faxineira agora. Ainda estou esperando o auxílio. Nunca sei como vai ser o próximo mês”. Os interessados em ajudar podem procurar Mônica através do telefone (31) 9.8976-3321 – entretanto, o número muitas vezes está fora de área em função da cobertura de sinal no lugar onde ela mora, mas é possível encontrá-la pelo WhatsApp.
O Tempo