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Publicado em 15/06/2020 – 08:00 Por Sergio du Bocage, repórter da TV Brasil – Rio de Janeiro

O Maracanã é visto como a “casa” dos times do Rio de Janeiro nas disputas nacionais e internacionais. É fato que, na cidade, há outros estádios, como São Januário e Nílton Santos, que já receberam até jogos decisivos importantes. Mas ao longo de seus 70 anos o velho Maraca pode se orgulhar de ter sido o palco das maiores festas inesquecíveis para o torcedor, inclusive o visitante.

Personagens não faltam. Pelé marcou o primeiro gol dele pela Seleção no Maracanã. E nos anos 60 foi campeão em cima do Botafogo, do Flamengo e do Vasco no mesmo estádio. Roberto Dinamite “explodiu” pela primeira vez no Mário Filho; Zico marcou seis gols numa única partida; Elvis deu show, regendo o Santo André; Fred e Gabigol prometem brigar pela artilharia da nova arena. Ado, do Bangu, Edmundo, do Vasco, Thiago Neves, do Fluminense, também ficaram marcados no estádio, em pênaltis desperdiçados.

Fotografia de um dos gols marcados pelo Brasil na vitória sobre a Argentina em jogo válido pela Copa Roca de 1957. Arquivo Nacional. Fundo Correio da Manhã. BR_RJANRIO_PH_0_FOT_03128_001

Há uma curiosidade: apenas dois dos considerados grandes do Rio conquistaram títulos internacionais no Maracanã – o Botafogo levantou a Copa Conmebol, em 1993, e o Flamengo, em 2020, conquistou a Recopa Sul-Americana. No entanto, os dois protagonizam dois dos maiores vexames: ambos perderam finais de Copa do Brasil, contra adversários considerados bem mais fracos, respectivamente Juventude, em 1999, e Santo André, em 2004.

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Flamengo e Botafogo se encontram em outra estatística interessante. Segundo o RSSSF Brasil, site de estatísticas e resultados de todos os jogos do futebol brasileiro, o Maracanã recebeu 321 jogos com mais de 100 mil torcedores, incluindo os times do Rio e a Seleção Brasileira. Com 112 jogos, sendo 44 deles contra o Vasco – daí o apelido de “Clássico dos Milhões” -, o Flamengo lidera o ranking, enquanto o Botafogo tem apenas 43 participações. Mas é do Alvinegro o último registro de público tão grande: exatamente na decisão da Copa do Brasil contra o Juventude, com 101.851 torcedores. Desde aquele jogo, em 1999, e em razão das reformas, o Maracanã nunca mais recebeu tanta gente numa partida de futebol.

Flamengo e Vasco empataram em 4 a 4
Vasco e Flamengo fazem o “Clássico dos Milhões”, recordista de público – Thiago Ribeiro/Agif/CBF/Direitos reservados

O Estádio Jornalista Mário Filho tem, na história, decisões municipais, estaduais, regionais, nacionais, continentais e mundiais. Excetuando as municipais e estaduais, as demais, que envolvem os times do Rio de Janeiro, totalizam 34 jogos (em sistema mata-mata ou pontos corridos), desde o Torneio Rio-São Paulo de 1952, entre Vasco e Portuguesa (SP), e a Recopa Sul-Americana, entre Flamengo e Independiente del Valle (EQU), em 2020.

A lista das 34 decisões

Campeonato Brasileiro / Copa União – 11

1971 – Botafogo 0 x 1 Atlético-MG – Atlético-MG campeão

1974 – Vasco 2 × 1 Cruzeiro – Vasco campeão

1980 – Flamengo 3 × 2 Atlético-MG – Flamengo campeão

1983 – Flamengo 3 × 0 Santos – Flamengo campeão

1984 – Fluminense 0 x 0 Vasco – Fluminense campeão

1985 – Bangu 1 × 1 Coritiba – Coritiba campeão

1987 – Flamengo 1 × 0 Internacional – Flamengo campeão

1992 – Flamengo 2 x 2 Botafogo – Flamengo campeão

1997 – Vasco 0 × 0 Palmeiras – Vasco campeão

2000 – Jogo disputado em 2001 – Vasco 3 × 1 São Caetano – Vasco campeão

2009 – Flamengo 2 x 1 Grêmio – Flamengo campeão

Torneio Rio-São Paulo – 6

1952 – Vasco 2 x 2 Portuguesa (SP) – Portuguesa campeã

1960 – Fluminense 1 x 0 Palmeiras – Fluminense campeão

1961 – Flamengo 2 x 0 Corinthians – Flamengo campeão

1962 – Botafogo 3 x 1 Palmeiras – Botafogo campeão

1997 – Flamengo 2 x 2 Santos – Santos campeão

1998 – Botafogo 2 x 2 São Paulo – Botafogo campeão

Copa do Brasil – 5

1997 – Flamengo 2 × 2 Grêmio – Grêmio campeão

1999 – Botafogo 0 × 0 Juventude – Juventude campeão

2004 – Flamengo 0 × 2 Santo André – Santo André campeão

2006 – Flamengo 1 x 0 Vasco – Flamengo campeão

2013 – Flamengo 2 x 0 Atlético-PR – Flamengo campeão

Taça Brasil (reconhecida como título brasileiro) – 4

1962 – Jogo disputado em 1963 – Botafogo 0 x 5 Santos – Santos campeão

1964 – Flamengo 0 x 0 Santos – Santos campeão

1965 – Vasco 0 x 1 Santos – Santos campeão

1968 – Jogo disputado em 1969 – Botafogo 4 x 0 Fortaleza – Botafogo campeão

Copa Sul-Americana – 2

2009 – Fluminense 3 × 0 LDU – LDU campeã

2017 – Flamengo 1 x 1 Independiente – Independiente campeão

Mundial de Clubes da Fifa – 1

2000 – Vasco 0 x 0 Corinthians – Corinthians campeão

Taça de Prata (reconhecida como título brasileiro) – 1

1970 – Fluminense 1 x 1 Atlético-MG – Fluminense campeão

Copa Conmebol – 1

1993 – Botafogo 2 × 2 Peñarol – Botafogo campeão

Supercopa dos campeões da Libertadores – 1

1995 – Flamengo 1 × 0 Independiente – Independiente campeão

Copa Libertadores – 1

2008 – Fluminense 3 × 1 LDU – LDU campeã

Recopa Sul-Americana – 1

2020 – Flamengo 3 x 0 Independiente Del Valle – Flamengo campeão

No resumo, o Flamengo é o time com mais participações em finais e títulos conquistados – nove, e outros seis perdidos; em seguida vem o Botafogo, com quatro títulos ganhos e outros quatro desperdiçados; o Vasco, assim como o Fluminense, soma três títulos no Maracanã, mas o time de São Januário esteve em outras cinco finais, mas saiu derrotado; o Tricolor perdeu as outras duas que disputou. O Bangu perdeu o único título, dessa lista, que decidiu no Maracanã. No total, são 19 títulos – três deles conquistados sobre rivais cariocas.

Torcida do Fluminense - Rio de Janeiro - 17/11/2013. Fluminense x São Paulo se enfrentam essa noite pela trigésima quinta rodada do Campeonato Brasileiro 2013.
A torcida do Fluminense já festejou três títulos nacionais no Maracanã – Bruno Haddad/Fluminense F.C./Direitos reservados

A lista aumentaria de tamanho se fossem relacionados os jogos dos Estaduais. Esses em que a paixão e a rivalidade crescem e ganham em emoção. Nessa relação estão muitos dos 333 gols de Zico, do Flamengo, o maior artilheiro do Maracanã; a vibração de Cocada, do Vasco, em 1988; o gol de barriga de Renato, pelo Fluminense, em 1995; a cavadinha de Loco Abreu, do Botafogo, em 2010.

70 anos, infinitas histórias.

Edição: Verônica Dalcanal

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