Já negociações sobre sede da corrida em 2021 seguem paralisadas
Apesar de ainda não ter data confirmada, o Grande Prêmio do Brasil de Fórmula 1 deve fazer parte das próximas corridas oficializadas para 2020. O calendário do campeonato, que iniciaria em março, teve de ser alterado devido à pandemia do novo coronavírus (covid-19). Na terça-feira (2), foram divulgadas as oito etapas que abrirão a temporada deste ano – todas na Europa, onde a curva de propagação da doença está descendente.
“Os dirigentes da Liberty Media (empresa responsável pela Fórmula 1) consideram que as corridas das Américas serão realizadas, assim como as do Oriente Médio. Eles têm como base que, entre outubro e novembro, a curva da pandemia, como ocorreu na Ásia e Europa, já terá caído o suficiente para garantir a realização dessas etapas”, explica à Agência Brasil o diretor de imprensa do GP Brasil, Castilho de Andrade.
A pandemia afetou 10 provas inicialmente previstas para 2020, sendo quatro (Austrália, Mônaco, França e Holanda) canceladas e seis (Bahrein, Vietnã, China, Espanha, Azerbaijão e Canadá) adiadas. No calendário original, a etapa brasileira, no autódromo de Interlagos, em São Paulo, estava prevista para 15 de novembro.
O artigo 5.4 do regulamento esportivo da Federação Internacional de Automobilismo (FIA) determina um mínimo de oito etapas para um campeonato ser considerado finalizado. Já o Código Esportivo Internacional da entidade indica que, para ser “mundial”, o torneio deve incluir eventos em pelo menos três continentes durante a mesma temporada. O chefe-executivo da F1, Chase Carey, disse em março projetar um calendário com 15 a 18 corridas, mesmo com o impacto da pandemia.
Com a reformulação no calendário, os organizadores do GP Brasil aguardam a confirmação da nova data para iniciar a venda de ingressos. A liberação de público, porém, depende do que for determinado pelas autoridades sanitárias. A competição será retomada com portões fechados nas duas corridas de Spielberg (Áustria). Já nas duas provas agendadas para o Reino Unido, ambas em Silverstone, a presença de torcedores necessita de um acordo com o governo britânico devido à necessidade de quarentena para entrar no país.
Futuro do GP Brasil
O cenário provocado pelo novo coronavírus impactou também a negociação para renovação do contrato de realização da prova em São Paulo, que vence em 2020. A capital paulista recebe o Grande Prêmio no autódromo de Interlagos desde 1972 – com exceção de 1978 e de 1981 a 1989, quando a corrida foi disputada no Rio de Janeiro.
“As conversas (com a Liberty Media) estão bem avançadas, mas, a pandemia mudou o foco do dirigentes internacionais para refazer o calendário, cuidar das corridas adiadas e canceladas. Os contatos deverão recomeçar quando o novo calendário estiver pronto”, diz Andrade.
São Paulo tem justamente a concorrência do Rio de Janeiro para receber a etapa a partir de 2021. A prefeitura da capital fluminense pretende construir um circuito de F1 em Deodoro, zona oeste do município A obra, no entanto, depende da aprovação do Estudo de Impacto Ambiental e do Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA). De acordo com ambientalistas do movimento SOS Floresta do Camboatá, o terreno que poderá receber o autódromo é considerado o último remanescente de Mata Atlântica de terras baixas no município. Os estudos seriam apresentados e discutidos em uma audiência pública virtual marcada para o último dia 28, mas a assembleia foi suspensa pela Justiça.