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Integrando as comemorações de aniversário do Museu Ferroviário de Juiz de Fora, que completou 17 anos no dia 21, a mostra “Negros nas Ferrovias do Brasil – A História Quase Nunca Contada” é convite à reflexão sobre a desigualdade racial no país. A partir de textos, documentos e fotografias, algumas com intervenções artísticas, a exposição questiona a supressão de informações em torno da participação dos negros no processo de desenvolvimento das ferrovias, embora essa mão de obra tenha sido largamente usada na implantação e ampliação das linhas férreas em todo pais. A mostra tem caráter permanente e, para conferir o material, basta acessar o link.

Partindo do paralelo entre as leis abolicionistas brasileiras, desde a “Eusébio de Queirós” (1850) até a “Áurea” (1888), e a evolução das estradas de ferro, a mostra aponta que são raros os registros sobre o trabalho de negros. Mesmo no século 20, já abolida a escravidão, permanece o esforço de invisibilização desse segmento social.

Outro aspecto destacado na exposição é a posição que trabalhadores afrodescendentes ocupavam, em sua esmagadora maioria nos postos inferiores, sujeitos a relações laborais precárias. A mostra cita exceções, como os irmãos baianos Antônio e André Rebouças, que estão entre os maiores engenheiros ferroviários do país, na segunda metade do século 19. Eles foram os primeiros negros brasileiros a cursar universidade na Europa. Aos dois é ; creditada a maior obra de engenharia férrea no país, a Estrada de Ferro Paranaguá-Curitiba.

A mostra “Negros nas Ferrovias do Brasil – A História Quase Nunca Contada” foi desenvolvida por meio de parceria entre o Museu Ferroviário e a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), através do Curso de Extensão Ações Educativas no Museu Ferroviário de Juiz de Fora, vinculado ao curso de Turismo da UFJF.

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A coordenadora do curso, Mariana Rodrigues da Costa Neves, afirmou que a parceria tem sido muito enriquecedora para os universitários: “Eles têm se beneficiado grandemente pelo contato direto com a realidade museológica e desenvolvendo habilidade de criar e propor ações para a comunidade. Uma dessas proposições é essa mostra, que foi prontamente acatada pelo museu e muito bem executada pelo gerente de Espaços da Funalfa (Fundação Cultural ´Alfredo Ferreira Lage`), Luiz Fernando Priamo, e pelos alunos sob minha orientação”.

Mariana explicou que os próprios estagiários do curso de extensão escolheram o tema para pesquisar: “Falar sobre questões étnico-raciais é de extrema importância no Brasil. Acredito que a mostra possibilita novos debates e novas frentes de pesquisa sobre o tema, que, por vezes, fica na invisibilidade, tanto histórica quanto cultural”.

A mesma opinião tem Luiz Fernando Priamo: “Acho imprescindível qualquer abordagem que escancare o nosso racismo, seja institucional, estrutural ou cotidiano. E fazendo, inclusive, crítica a nós mesmos, já que essa memória negra não consta na expografia do Museu Ferroviário, ou seja, é o nosso papel evidenciar isso ainda mais”.

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