O trabalho prestado pelo “Consultório de Rua” da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) passou por adaptação em março, em função da pandemia de covid-19. Por atuar com população mais vulnerável, que necessita de maior apoio, foram tomadas medidas capazes de ampliar o acesso ao atendimento na sede, que funciona no primeiro andar do Pronto Atendimento Médico (PAM) Marechal, e nas ruas, onde se concentra o público-alvo. O “Dia Nacional de Luta da População em Situação de Rua”, nesta quarta-feira, 19, é considerado pela assistente social Paula Miranda oportunidade para debate sobre mudança na reorganização dos serviços prestados pela rede do Sistema Único de Assistência Social (Suas) e a possibilidade, ou não, de continuidade pós-pandemia.
A população em situação de rua era abrigada nas casas de Passagem Para Homens e na Para Mulheres, apenas para pernoite. Agora, o atendimento se dá durante 24 horas, como já acontecia com a Casa de Cidadania, no Jardim Esperança, equipamento que possui vínculo com a Unidades Básica de Saúde (UBS) do bairro. As demais recebiam o “Consultório de Rua”, que mantinha rotina de visitas para oferecer Atenção Básica itinerante. O surgimento do coronavírus tornou necessário maior espaçamento entre as camas, desmembramento de alguns serviços e funcionamento dia e noite, e não só pernoite.
Para ampliar o número de vagas, a PJF abriu três espaços: casas Cem, com 50 vagas para homens e mulheres, pessoas que não aderem aos serviços oferecidos pela Secretaria de Desenvolvimento Social (SDS); “Dilermando Cruz”: 30 vagas para usuários com mais de 50 anos; e Santa Luzia: 25 vagas. Nos dois últimos casos para atendidos da Casa de Passagem para Homens. O empenho do poder público é pela manutenção das pessoas nos abrigos, onde ficam mais protegidas. A mudança no acolhimento produziu respostas positivas. Paula Miranda percebeu que alguns conseguiram reorganizar suas vidas e passaram a se cuidar mais. Houve redução do uso de drogas e maior procura por tratamentos das variadas patologias e contato com familiares, sendo que parcela destas pessoas, inclusive, voltou para casa.
Desde novembro de 2018 o “Consultório de Rua” está vinculado à Subsecretaria de Atenção à Saúde da Secretaria de Saúde (SS). O programa funciona como UBS itinerante. A equipe multiprofissional é formada por médico, enfermeiro, técnica de enfermagem e assistente social. As ações são voltadas para a redução de danos de pessoas que têm na rua espaço de subsistência. São homens e mulheres que moram nas vias, encontram-se em moradias irregulares, flanelinhas e catadores de materiais recicláveis, entre outros.