Doença causou a morte de dois detentos e um policial penal
Ao menos 780 pessoas que cumprem pena de prisão no Distrito Federal contraíram covid-19, segundo o último boletim da Secretaria de Saúde. Outros 362 profissionais da segurança pública também foram infectados pelo novo coronavírus – destes, 235 são policiais penais, ou seja, atuam diretamente no sistema penitenciário.
No país todo, segundo o Departamento Penitenciário Nacional (Depen), do Ministério da Justiça, já foram confirmados 1.383 casos de presos com a covid-19. Destes, 741 detentos já se recuperaram, mas 45 morreram em decorrência de complicações causadas pela doença. Há ainda 899 casos suspeitos em análise.
No Distrito Federal, a doença já causou a morte de dois detentos e de um policial penal, Francisco Pires de Souza, morto no último dia 17. O segundo óbito entre os presos ocorreu nesta segunda-feira (1º), de um homem de 39 anos. Segundo a Vara de Execuções Penais do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT), ele havia sido submetido a testes apenas cinco dias antes, e não tinha apresentado nem sintomas de contaminação pelo novo coronavírus, nem qualquer queixa sobre sua saúde.
Um dia após ser testado negativo, o detento reclamou de náuseas. Sua temperatura corporal foi medida, bem como oxigenação e outros dados de saúde, sem que sintomas da covid-19 fossem identificados. Dois dias depois, o preso solicitou atendimento médico e foi encaminhado ao Hospital Regional da Asa Norte, morrendo horas depois. Condenado a pouco mais de 18 anos de reclusão, o homem, cujo nome não foi confirmado, estava preso desde junho de 2008 e teria direito ao regime semiaberto a partir de maio do próximo ano.
Contaminados
Os dados da Secretaria de Saúde apontam que os 780 casos da doença confirmados entre os presos representam 7,7% dos 10.174 casos registrados em todo o Distrito Federal, de acordo com boletim divulgado ontem (2). Os números não levam em conta os detentos que cumprem pena em regime semiaberto ou em prisão domiciliar e que tenham adoecido devido ao novo coronavírus. Segundo a secretaria, eles são registrados entre os casos gerais, de acordo com seus endereços domiciliares.
A Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF), que contabiliza apenas os dados da doença entre policiais penais, informou que, até a tarde de terça-feira (2), 188 dos 235 profissionais infectados já tinham se recuperado da doença e retornado ao trabalho. Pelo menos 46 policiais penais continuam doentes e um deles está internado em hospital particular.
A secretaria destaca que os dados de profissionais infectados podem não representar a real dimensão do problema, pois parte dos policiais penais que já atestaram positivo aguarda o resultado da contraprova antes de ser incluída na relação.
Em nota, o órgão destaca ter adotado uma série de medidas para resguardar a saúde e o bem-estar de quem trabalha e de quem cumpre pena nas unidades carcerárias locais. Entre elas, a aplicação de mais de 5,3 mil testes em internos e policiais penais e a suspensão de visitas desde o dia 12 de março, medida prevista até o próximo domingo (5), data em que poderá ser prorrogada, caso as autoridades locais julgarem necessário.
A pasta informou que a limpeza de celas, viaturas e de toda a parte interna e externa dos presídios foi intensificada e que equipamentos de proteção individual e de kits de higiene foram distribuídos às unidades prisionais. Dois blocos dos novos centros de detenção provisória foram destinados ao tratamento e à quarentena de presos durante a pandemia do novo coronavírus, totalizando 400 vagas.
O governo distrital fechou parceria com dois hotéis da cidade que vão disponibilizar acomodações a 360 policiais penais que atuam em contato direto com presos suspeitos ou diagnosticados com o novo coronavírus e que moram com pessoas consideradas membro de grupos de risco (idosos ou pessoas com doenças crônicas).
A iniciativa faz parte do Programa Acolher, que oferece hospedagem também a médicos e enfermeiros cuja atividade profissional os expõem à infecção. O objetivo principal é minimizar o risco destes trabalhadores levarem a doença para suas casas e infectarem parentes.